O castelo medieval
A primitiva edificação que originou o castelo – uma 
torre defensiva - remonta à época da 
Reconquista cristã da 
Península Ibérica quando, no início do 
século X, a região foi ocupada e seu repovoamento promovido por 
Rodrigo Tedoniz. Tendo passado por herança a sua filha, 
Chamôa Rodrigues (ou 
Flâmula Rodrigues), sobrinha de 
Mumadona Dias, a primeira referência documental a um 
castelo em Trancoso remonta à doação testamentária desta, juntamente com outros castelos e penelas na região, como o 
Castelo de Moreira de Rei e o 
Castelo de Terrenho, ao 
Mosteiro de Guimarães, em 
960.
Suportou, juntamente com os seus vizinhos, por cerca de um século, as  vissicitudes da oscilação das fronteiras entre cristãos e muçulmanos,  até à reconquista definitiva das terras de Entre-Douro-e-Mondego por 
Fernando Magno, que compreendeu as terras de Trancoso em 
1057 ou 
1058.
 O castelo medieval
Quando da constituição do 
Condado Portucalense, a povoação e seu castelo fizeram parte do dote da condessa 
D. Teresa.
Posteriormente, à época da 
Independência de Portugal, no contexto da ofensiva muçulmana que cercou e conquistou 
Leiria, ao final de 
1139, uma outra coluna muçulmana adentrou a Beira, alcançando Trancoso que foi saqueada e seu castelo assediado (
1140). Graças à pronta ação das forças de 
D. Afonso Henriques,  a ameaça foi repelida. Acredita-se que foram procedidos, à época,  reforços nas defesas, uma vez que a região foi assolada pelos muçulmanos  até 
1155, quando lhe foi passado 
foral pelo soberano. O castelo seria comprovadamente fundado em 
1159, sendo referido um novo foral em 
1173, quando os domínios da povoação e seu castelo foram doados à 
Ordem do Templo. Esta etapa construtiva 
românica transformou a primitiva torre 
moçárabe em 
torre de menagem, dotando-a de uma 
muralha defensiva.
Sob o reinado de 
Sancho I de Portugal (1185-1211), este soberano confirmou-lhe o 
foral (
1207), sendo atribuído ao de seu filho e sucessor, 
D. Afonso II (1211-1223]] a construção da cerca da vila, que se expandia.
Quando da questão da sucessão de 
Sancho II de Portugal, a povoação e seu castelo sofreram dificuldades até passarem para as mãos do regente indicado pelo 
Papa Inocêncio IV, o infante D. Afonso, futuro rei 
Afonso III de Portugal (1248-1279). Deste momento a tradição local refere que, em 
1248, estando D. Sancho II em retirada para o exílio em Castela, escoltado por forças de 
Afonso X de Castela  que haviam vindo a Portugal apoiá-lo, havendo sido derrotadas nas  imediações de Leiria, ao passarem por Trancoso, saiu-lhes do castelo ao  encontro 
Fernando Garcia de Sousa. Este cavaleiro desafiou para um duelo singular a 
Martins Gil de Soverosa,  cavaleiro de D. Sancho II, declarando que a sorte do duelo decidiria a  do castelo. O soberano deposto, entretanto, opôs-se ao combate,  recolocando-se em marcha, passando o 
Castelo de Trancoso ao domínio de D. Afonso III.
D. Dinis (1279-1325) aqui recebeu por esposa D. 
Isabel de Aragão, a Rainha Santa (
24 de Junho de 
1282),  vindo a integrar os castelos que o soberano lhe outorgou como dote.  Dentro do contexto da assinatura do Tratado de Alcanices (1297), foi  também o responsável pela ampliação da cerca da vila, amparada por  diversos torreões de planta retangular. Nesta etapa construtiva  destaca-se a construção das monumentais 
Porta de El-Rei e 
Porta do Prado, e a reformulação da malha urbana, considerada como um dos melhores exemplos do urbanismo 
gótico no país.
No contexto da 
crise de 1383-1385, ao final da Primavera de 
1385, os arrabaldes de Trancoso foram saqueados por tropas Castelhanas a caminho de 
Viseu. Ao retornarem com o esbulho, saiu-lhes ao encontro o 
Alcaide de Trancoso, 
Gonçalo Vasques Coutinho, com as forças do Alcaide do 
Castelo de Linhares, 
Martim Vasques da Cunha e as do 
Castelo de Celorico, 
João Fernandes Pacheco, ferindo-se a 
batalha de Trancoso,  no alto da Capela de São Marcos (Junho de 1385). No mês seguinte, uma  nova invasão de tropas castelhanas, sob o comando de D. João I de  Castela em pessoa, volta a cruzar a fronteira por Almeida e, de passagem  pelo alto de São Marcos, incediou-lhe a Capela em represália.
D. João I (1385-1433) reforçou a sua defesa durante as guerras com Castela, diante das invasões da Beira em 
1396 e 
1398
Da Guerra Peninsular aos nossos dias
Embora existam informações sobre obras realizadas nas suas defesas ao longo dos séculos 
XIV e 
XV, o que atesta a sua importância regional, as fortificações de Trancoso só voltam a conhecer movimentação bélica durante a 
Guerra Peninsular, quando aquartelam diversos contingentes de tropas, entre os quais os britânicos do general 
William Carr Beresford, em 
1809.
Em meados do 
século XIX, a 
Capela de Santa Bárbara, então em ruínas no interior do recinto, foi adaptada a paiol de 
pólvora,  embora jamais tenha vindo a exercer essa função. À época, a Câmara  Municipal autorizava a demolição de troços da cerca da vila, visando  reaproveitar a pedra assim obtida em obras públicas, tais como a  pavimentação das vias. Dentro dessa lógica, na passagem para o 
século XX foram demolidas algumas das antigas portas e as torres que as guarneciam.
O conjunto do castelo e das muralhas de Trancoso está classificado como 
Monumento Nacional por Decreto de 
8 de Julho de 
1921. Na década de 1930 fez-se sentir a intervenção do poder público, através da 
Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que levou à recriação de diversos trechos destruídos, como troços de muralhas e ameias.
A antiga Vila de Trancoso foi elevada à categoria de Cidade em Dezembro de 
2004.  Recentemente, visando melhorar a oferta de serviços turísticos aos  visitantes, a Câmara Municipal planeja disponibilizar um miradouro  virtual no castelo, a entrar em obras com a colaboração de fundos  oriundos do 
IPPAR, no âmbito do Programa de 
Aldeias Históricas de Portugal.
 Características
O castelo com traços dos estilos 
Românico e 
Gótico, coroa, a Nordeste, o conjunto das muralhas da antiga vila medieval. Os seus muros são reforçados por cinco 
torres de planta quadrangular, encimados por 
ameias quasdrangulares, com terminação piramidal, e percorridos por 
adarve. No lado Sul do amplo pátio de armas, ergue-se a 
Torre de Menagem, de silhueta tronco-piramidal, com planta quadrada, apresenta 
porta em 
arco de 
ferradura, em estilo pré-românico.